Desabafo do infiltrado!

Venho aqui contar minha triste história!
Aconteceu nesse último domingo (vulgo ontem). Pois bem...

Sou gremista, filho de pai e mãe colorados. Tenho dois irmãos: o mais velho gremista e o mais novo também colorado. Uma família divida pelo futebol, mas unida pelo afeto. Amor de pai, de mãe, filhos, irmãos...

Nesses 23 anos de convivência (nasci em 86), passando por diversos gre-nais, gauchões, vitórias, derrotas,... Nunca houve grandes discussões sobre futebol dentro de casa. No máximo aquela arriada básica, sem perder o respeito. No entanto, ontem, ocorreu uma tragédia. Pior do que uma derrota ao Atlético treinado pela uva Celso Roth ou qualquer outra piadinha de segunda-feira!

Meu pai foi convidado para ir ao gramado do Estádio Beira-Rio, antes da partida Inter x Palmeiras, receber um diploma que o nomeou Cônsul Cultural do Sport Club Internacional. ELE é colorado, até aí tudo bem, né? NÃO!

Como seria, ou melhor, foi um momento especial para o coroa, ele convidou a família para acompanhá-lo. Aí fudeu...

Logo que recebemos o convite, eu e meu irmão gremista nem nos preocupamos muito com o fato de ir ao Beira-Rio, queria ver meu pai naquele momento de felicidade e comemorar junto dele... mas quando chegamos ao estádio começou o "terrorismo!"

Estacionamos o carro lá dentro às 13hs, e minha mãe já foi direto comprar uma camisa nova "do Inter". Almoçamos no DTG "do Inter", entramos em lojas que só tinha produtos com aquele símbolo horroroso... Mas, tudo bem, isso não era nada perto do motivo improtante que me fazia presente naquele lugar. Meu pai!

15hs! Momento de entrarmos em campo. Pensei: - Beleza! Vamos entrar lá, pegar a porra do diploma e já era! Santa ingenuidade...

Entramos pela porta da imprensa e dos jogadores. Até naquele túnel todo vermelho com fotos do mundial tive que passar... Papito recebeu o troço, bateu fotinhos, fez um "H" e eu já fui me posicionando rumo a saída, quando um pessoal da presidência do clube estendeu um novo convite, dessa vez para assistirmos o jogo nas cadeiras. Uma cortesia.

Nesse momento, as laterais do estádio e a popular estavam praticamente lotadas. A banda já tocava aquelas musiquinhas. Faltavam poucos minutos para o início da pelada, e eu não queria decepcionar o velho!

O.K. vamos ver o jogo, pelo menos é nas cadeiras e não no meio do "furdunço"! Subimos...

Todo mundo sentadinho, bonitinho... Mal começou o jogo e timblim... gol do inter, caralho! E agora, o que eu faço? Um irmão sentado brabo a direita, o outro pulando e gritando a esquerda... eu fiquei de pé olhando pro horizonte, com cara de quem não tava entendendo.

No meio daquele povo só haviam duas pessoas sem adereços do colorado e que não vibraram com o gol. Torcedores na volta já cochichavam e apontavam pra nós. Falei pro gremista a direita: - Deus queira que o Inter não faça mais gols. Senão, "das duas uma": ou nós vamos ter que comemorar ou vamos apanhar aqui!

Cachorro-quente com barata no intervalo e segue o quebra-canela! Etapa complementar e nada de gols. Então, começaram as substituições, e eu vi que ia dar merda... Fiquei pensando: como comemorar um gol do Inter? Não dá, é "tricolormente" impossível. E apanhar na frente da mãe é sacanagem!

No finalzinho do jogo, outro gol do Colorado! Peguei o irmão do Grêmio pelo braço e levantamos. Começamos a pular e gritar abraçados no meio da fumaceira: Eeeeeeeeeeeeeeee filhadaspulll, filhadaspullll... é tudo filhadaspulll!!!

E a massa alvirrubro bem faceira comemorando o gol...

Claro que isso não foi suficiente pra curar meu trauma. Agora, só lavo a alma quando o Tcheco levantar a taça do Tri na Libertadores!