sábado, 18 de outubro de 2014

Warst du schon mal in Bahia? - Parte 4

Os impactos imediatos na economia local são concentrados. Jogadores e comissão técnica ficaram a maior parte do tempo no Campo Bahia. Os jornalistas, alojados no Costa Brasilis – onde se alocou o Centro de Imprensa, com um McCafé e cerveja grátis –, costumavam almoçar por lá. Algumas pousadas receberam mais hóspedes, mas a diferença em geral não foi significativa. No setor de restaurantes, quase nada mudou. Os taxistas tampouco lucraram, uma vez que os jornalistas, maioria do público, haviam fretado carros.

Já o Costa Brasilis, cuja diária sai por cerca de 500 reais, alugou seus 120 quartos e o restaurante esteve sempre lotado. O Campo Bahia não divulga quanto recebeu da DFB por suas 65 suítes. Como costuma acontecer em megaeventos e, em especial, nos da Fifa, a distribuição dos prejuízos foi bem maior do que a dos lucros.

Era uma manhã de temperatura amena em Santo André, mar límpido, céu azul, areia branquinha. Uma escuna trazia turistas de Cabrália quando Joachim Löw e alguns jogadores iniciaram uma caminhada pela praia. Houve um pequeno alvoroço. Enquanto o treinador se deixava fotografar, perguntei-lhe o que seu pessoal estava achando do lugar. Ele abriu um sorriso raro e ergueu o polegar em sinal de positivo. A Alemanha havia passado das oitavas de final na tarde anterior, num jogo difícil contra a Argélia. Técnico e jogadores estavam descalços, alegres e relaxados.

Nenhum outro time parece ter tirado maior proveito da estada nos trópicos. Os companheiros de Neuer iam aos treinos correndo pela praia, tomavam água de coco, nadavam e passeavam de barco. Regressavam sempre na mesma noite em que haviam jogado. “Toda vez que entrávamos na balsa, tínhamos a sensação de estar voltando para casa”, comentou Bierhoff. Turistas habituais da vila costumam dizer o mesmo.

http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Times/Selecao_Brasileira/0,,MUL608496-15071,00-JUST+FONTAINE+O+BRASIL+DE+FOI+O+MELHOR+DA+HISTORIA+MELHOR+QUE.html
Fontaine: 'O Brasil de 1958 foi o melhor da história.'

Houve quem tenha se lembrado das histórias da Seleção Brasileira na Suécia, em 1958, quando Garrincha e companhia desfrutavam da liberdade sexual do país nórdico, divertiam-se e jogavam bola em grande medida. Mas para a turma de Joachim Löw, com seus atletas patrocinados, a vida privada serve ao marketing e a simpatia produz ótimos virais. As páginas dos principais jogadores alemães no Facebook são patrocinadas pela Adidas, e é para lá que vão as fotos da doce vida praiana, da interação com os índios e das brincadeiras no hotel.

Em A Vida Descalço, o escritor argentino Alan Pauls comenta “a prodigiosa capacidade midiática da praia”, sua espetacularidade e sua capacidade de realçar a imagem. Os alemães parecem ter percebido issoUma foto postada por Kroos com a vista da janela do quarto teve 21 092 curtidas. Hummels na praia, 61 505. Neuer e Schweinsteiger na areia com o professor de dança, 99 414. Neuer oferecendo banana a um macaquinho, 227 856. Schweinsteiger mostrando a língua enquanto Podolski dorme, 406 977. Uma foto de Podolski com moradores de Santo André teve 31 826 curtidas, mas Oliveira, um senhor de 68 anos e pele enrugada que posou ao lado do alemão, nunca chegou a vê-la.

A Alemanha ganhou a Copa e o título de seleção mais simpática, este último em parte provocado pela imagem de turistas felizes e bons moços...


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